OGM: Alimentos transgénicos são tão seguros como os tradicionais
A vigilância imposta aos produtos transgénicos autorizados torna-os quase mais seguros que alimentos sem qualquer alteração genética, disse à Agência Lusa o investigador Pedro Fevereiro.
A questão dos "Alimentos transgénicos: o que andamos a comer?" será debatida no sábado em Coimbra, em mais uma conferência realizada pela Associação Nacional de Bioquímicos (ANBIOQ)."Os produtos transgénicos aprovados para comercialização não apresentam maior perigo para a saúde humana", afirmou Pedro Fevereiro, sublinhando que o controlo imposto a estes alimentos chega a ser superior ao registado com os restantes, tornando-os quase mais seguros.
Ciente da desconfiança que os alimentos alterados por engenharia genética recolhem junto do público, o investigador, que pertence ao Instituto de Tecnologia Química e Biológica da Universidade Nova de Lisboa, vai tentar desmistificar alguns preconceitos sobre a matéria na conferência de sábado.
A iniciativa, que decorrerá na sala polivalente da Casa Municipal da Cultura de Coimbra, insere-se num ciclo de conferências organizado pela Associação Nacional de Bioquímicos (ANBIOQ) e a Coimbra 2003 Capital Nacional da Cultura, que decorrem desde Janeiro no segundo sábado de cada mês, às 16:00.
Contactado pela Lusa, Pedro Fevereiro sublinhou os benefícios que a engenharia genética poderá trazer à qualidade dos alimentos (plantas e frutos), defendendo, no entanto, uma "verificação sistemática da inocuidade destes produtos no que diz respeito ao seu consumo e ambiente".
Confrontado com argumentos sobre as implicações que este tipo de alimentos modificados poderá ter no ambiente, o investigador, que dirige um laboratório dedicado à engenharia genética de plantas, considerou-as "pouco significativas e não superiores às registadas com as plantas não alteradas".
E lembrou os benefícios das plantas melhoradas em laboratório, que vão desde acréscimos significativos no seu conteúdo vitamínico ou nutricional, até uma maior resistência às pestes e insectos, questão economicamente fundamental.
Outra das possibilidades, na qual o investigador desenvolve trabalhos, relaciona-se com a possibilidade de se alterarem geneticamente plantas para adaptá-las a locais áridos, avanço que beneficiaria largas regiões subdesenvolvidas pela carência de água.
Daí que a engenharia genética de plantas seja muitas vezes encarada como forte candidata à resolução de problemas da agricultura mundial que afectam particularmente os países subdesenvolvidos e que geram graves situações de pobreza, má nutrição e doença.
Além de Pedro Fevereiro, o debate contará ainda com as presenças de Mário Frota, da Associação Portuguesa de Direito do Consumo, e Teresa Crespo, do Instituto de Biologia Experimental e Tecnológica.
A moderação estará a cabo de Jorge Canhoto, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra.